sexta-feira, 10 de outubro de 2014

A importância da amamentação e a Rede Amamenta Brasil



Dando continuidade ao tema tratado no blog, hoje iremos falar da importância do aleitamento materno no combate à desnutrição infantil e sua relação com a Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil.
Como foi dito na postagem anterior, a nutrição adequada de uma criança é fundamental para o seu desenvolvimento pleno. Essa necessidade se torna ainda maior nos seus primeiros anos de vida, pois a criança precisa, além do aporte nutricional completo (com carboidratos, lipídios, proteínas, vitaminas, minerais, fibras), dos anticorpos maternos, já que a imunidade do bebê é baixa nos primeiros meses de vida.


A substância capaz de suprir todas essas necessidades é o leite materno. Ele é produzido pela mãe desde o último trimestre da gravidez, e fornece todas as substâncias essenciais à criança, além de estimular o vínculo de amor mãe-filho durante a amamentação. Por ser transmitido diretamente do seio para a boca do lactente, sem intermediários, é fornecido em temperatura ideal e sem microorganismos patogênicos, ainda em ambientes das mais precárias condições higiênicas. Apropriado para o bebê, o leite materno é a primeira alimentação humana e deve ser a única fonte de alimentação e hidratação durante os primeiros seis meses.

COMPOSIÇÃO BIOQUÍMICA DO LEITE
O leite humano é composto basicamente por proteínas, açúcar, minerais e vitaminas, com gordura em suspensão, além de fatores protetores, substâncias bioativas, que garantem a saúde e o desenvolvimento da criança. A composição do leite pode variar de acordo com o estágio de lactação, podendo ser:
Colostro- tem a coloração amarelada devido à elevada concentração de carotenoides, ajuda na eliminação do mecônio (é laxativo) e é rico em proteínas. Tem menos carboidratos e gordura e apresenta concentrações maiores de sódio, potássio e cloro do que o leite maduro.  
Leite de transição- possui um teor de proteínas e minerais gradativamente reduzido e o de gorduras e carboidratos levemente aumentado.
Leite maduro- é mais ralo e contém todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento da criança.



No entanto, a partir das Revoluções Industriais, com a inserção da mulher no mercado de trabalho e a necessidade de permanecer longos períodos fora de casa, o percentual de mães que amamentavam os seus filhos reduziu drasticamente. Além disso, houve o surgimento dos alimentos industrializados que tinham a proposta de substituir o leite materno, como o leite em pó. Essa mudança provocou muitos prejuízos nutricionais para as crianças, já que alimento nenhum é tão eficaz para a saúde do bebê quanto o leite fornecido pela mãe. Assim, muitas crianças adquiriram deficiências nutricionais, tiveram prejuízos cognitivos e ficaram muito mais suscetíveis à doenças infecciosas e à morte prematura.

No Brasil, essa realidade também se faz presente no cotidiano. Para evitar a continuidade do problema da falta de amamentação, em 2007, o Ministério da Saúde elaborou uma proposta nacional sobre o aleitamento materno direcionada à atenção básica, denominada Rede Amamenta Brasil. Para a implantação dessa estratégia, formaram-se tutores das Secretarias Estaduais de Saúde (SES), por meio de oficinas, com a finalidade de apoiar a expansão da estratégia no âmbito municipal. Nas unidades básicas de saúde (UBS) dos municípios, igualmente mediante oficinas, as equipes de saúde definem e pactuam ações de incentivo ao aleitamento materno, sendo acompanhadas por tutores, que as apoiam em  visitas trimestrais.
Essa estratégia tem como objetivo contribuir para a redução de práticas desestimuladoras da amamentação e alimentação complementar saudável nas UBS, ajudar a formar hábitos alimentares saudáveis desde a infância; contribuir para o aumento da prevalência de crianças amamentadas de forma exclusiva até os seis meses de idade e da prevalência de crianças amamentadas até os dois anos de idade ou mais; diminuir o número de crianças que recebem alimentos precocemente e melhorar o perfil nutricional das crianças, com a diminuição de deficiências nutricionais, de baixo peso e de excesso de peso.
Contudo, apesar de os avanços serem inegáveis, o percentual de crianças que recebem outros alimentos além do leite materno antes dos seis meses ainda é muito alto (cerca de 50%). Logo, se faz necessário continuar investindo nas estratégias de incentivo à amamentação para que assim possamos atingir índices mais satisfatórios.



Fontes:
REGO, J. D.Aleitamento Materno. 2º ed. São Paulo: Atheneu, 2006.
EUCLYDES, M. P.Nutrição do Lactente. 3. ed. Viçosa/MG: Suprema Gráfica, 2005.

8 comentários:

  1. Muito interessante perceber a importância da amamentação durantes os 6 primeiros meses de vida e notar a preocupação do Estado para garantir essa amamentação. Vale ressaltar a importância do projeto "mãe canguru" praticadas no Centro Materno Infantil, como na maternidade Evangelina Rosa. Utilizada em bebês de baixo peso, a técnica procura substituir a incubadora. A mãe coloca o bebê na posição vertical, sobre o seu peito, em contato pele a pele com o bebê. Tudo isso acompanhado de um importante suporte por parte de uma equipe de saúde treinada e consciente da importância do método, que além de diminuir o tempo de internação, reduz os riscos de infecção e aumenta o vínculo entre a mãe e a criança. Assim, os bebês vão ganhando peso, através do permanente contato com suas mães, dividindo calor, carinho, conforto e segurança. Aguardo novas postagens para aprender mais.

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  2. Achei bem interessante abordagem do texto como um todo, principalmente a passagem que classifica bioquimicamente o leite em colostro, leite de transição e leite maduro. O colostro contém anticorpos e todos nutrientes que fortalecem o sistema imunológico do bebê, alguns dizem ser a primeira vacina da criança, além disso, o colostro é laxante, elimina o mecônio (primeiras fezes eliminadas pelo bebê) , colabora na prevenção da icterícia, apresenta fatores de crescimento que ajudam na maturação intestinal e é rico em vitamina A. Também achei válida a relação feita no texto sobre a inserção da mulher no mercado de trabalho aliada à diminuição no percentual de mães que amamentavam seus filhos, podendo ser válida uma abordagem posteriormente do blog sobre como a globalização influencia nessa relação mãe-bebê e as consequências vindas dessa. Aguardo as próximas postagens.

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  3. Muito interessante como a dinâmica da vida contemporânea pode afetar os costumes de uma sociedade e os hábitos alimentares, mesmo daqueles que ainda não podem realizar o ato de comer sozinhos. Se hoje o percentual de mulheres que amamentam seus filhos é extremamente reduzido, no passado elas não somente o faziam como, também. estendiam o ato por muitos anos.
    É importante a existência de programas que incentivem o aleitamento materno, como a Rede Amamenta Brasil e os Bancos de Leite. Esses últimos dão a possibilidade para mães que não possuem condições de amamentar de nutrir seus bebês de forma saudável, pois, embora não ofereça o leite direto do peito, diminui e/ou elimina a necessidade do uso de leite industrializado. Leite que, apesar de possuir composição química semelhante a do leite materno, nunca possuirá os anticorpos que são essenciais para a defesa do organismo do bebê. Aguardo novas postagens.

    Referências:
    http://www.saude.df.gov.br/programas/489-banco-de-leite.html
    http://www.pediatriaemfoco.com.br/midia.php?cod=200&cat=22

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  4. O leite materno é rico em proteínas, carboidratos, lipídeos e imunoglobulinas, por isso ele é tão importante para o recém nascido, que ainda apresenta uma imunidade baixa. No entanto, é frequente ver mães deixarem de amamentar seus filhos para fornecer leites industrializados para seu bebê, muitas vezes pela influência de empresas, que obviamente não vai fornecer os inúmeros nutrientes que o leite materno poderia oferecer. Assim,o aleitamento materno deve ser feito feito no mínimo até os 6 meses de vida do recém nascido e deve ser estimulado em todas as mães. Em relação a isso, destaca-se a atuação da ''Rede Amamenta Brasil'' , que por meio de equipes de saúde orientam as mães sobre a importância do aleitamento materno para o bom desenvolvimento de seus bebês, como o post aborda. Uma descoberta recente, por exemplo demonstra a importância do leite materno: cientistas da Universidade de Duke, nos Estados Unidos descobriram o possível motivo de muitos bebês amamentados por mães com HIV não serem infectados, isso provavelmente deve-se a uma proteína presente naturalmente no leite, a Tenascina C, que neutraliza o HIV, e na, maioria dos casos impede que ele seja transmitido ao filho, a reportagem consta no seguinte link: http://www.megacurioso.com.br/corpo-humano/39715-cientistas-descobrem-proteina-no-leite-materno-capaz-de-combater-o-hiv.htm. Aguardo as próximas postagens!

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  5. A postagem, como a primeira, foi muito interessante, pois trouxe temas que se aplicam muito a conceitos sociais, à saúde brasileira e à bioquímica, desta vez, tratando sobre a importância do leite materno. O leite materno é uma importantíssima fonte de nutrição para a criança, sendo recomendado que seja a única alimentação nos primeiros meses de vida, por conter todas as proteínas, açúcares, gordura, vitaminas e água que o bebê necessita para ser saudável, como por exemplo, a galactose, que serve para a produção de galactosamina e que por sua vez, vai ajudar em processos envolvendo a consolidação do sistema nervoso. O leite materno, além disso, é muito mais completo que o leite em pó, (que vem, infelizmente, como muito bem demonstrou o texto, ganhando espaço devido à condição da entrada da mulher no mercado de trabalho), justamente por conter elementos que o industrializado não consegue incorporar, como anticorpos e glóbulos brancos, que protegem os bebês de certas doenças e infecções. O aleitamento materno protege as crianças de otites, alergias, vômitos, diarréia, pneumonias, bronquites e meningites, além de melhorar o desenvolvimento mental do bebê, ser mais facilmente digerido, dentre outras funções. No ponto da promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, o Brasil está em primeiro lugar, com a sua Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, que é uma iniciativa púbica e governamental, de doação de leite humano para bebês prematuros, e que é reconhecida pela OMS, como a maior e a mais complexa do mundo. Aguardo novas postagens.

    Referências:

    http://www.leitematerno.org/porque.htm
    GIUGLIANI, Elsa Regina Justo. (2002). "Rede Nacional de Bancos de Leite Humano do Brasil: tecnologia para exportar". Jornal de Pediatria 78 (3): 183-4. Página visitada em 15 de abril de 2012.

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  6. Muito importante falar sobre amamentação, afinal os benefícios tanto para a mãe como para o feto são enormes, por isso é motivo crucial para muitas campanhas, informação e incentivo. Uma curiosidade é que amamentação que é liberada a ocitocina na mãe, hormônio que faz com que ela se "apaixone" pelo seu filho. Ajuda no desprendimento da placenta, contribuindo para a volta do útero ao tamanho normal. Com isso, também evita o sangramento excessivo e, consequentemente, que a mãe sofra de anemia; protege a mãe contra o câncer de mama e de ovário; estudo publicado na American Journal of Obstetrics revela que a amamentação reduz o risco de a mulher desenvolver síndrome metabólica (doenças cardíacas e diabetes) após a gravidez, inclusive para aquela que teve diabetes gestacional; a amamentação dá às mães as sensações de bem-estar, de realização, e também ajuda a emagrecer, pois consome até 800 calorias por dia (mas dá uma fome...); protege a mãe contra doenças cardiovasculares, segundo estudo realizado pela Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos. Para a pesquisa, foram analisadas 140 mil mulheres no período pós-menopausa, ou seja, com média de 63 anos, e o resultado mostrou que aquelas que amamentaram por mais de um ano tiveram 10% menos risco de sofrer com essas doenças, se comparado com aquelas que nunca amamentaram. Aguardo novo post!




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  7. O leite materno é um alimento essencial para o crescimento e desenvolvimento saudável do bebê. E um fato de grande importância, é que além de atuar na nutrição do recém-nascido, fornecendo proteínas, carboidratos, lipídios, etc., ele também o protege de diversas doenças, pois contém imunoglobulinas em sua composição. Um fato essencial, já que a imunidade do bebê é baixa nos primeiros meses de vida. É relevante citar também o papel do leite materno na prevenção da anemia nos recém-nascidos, pois o ferro do leite humano é altamente biodisponível, uma vez que aproximadamente 50% dele é absorvido (FONTE: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0021-75572005000600004&script=sci_arttext). Ótimo post, sugiro alguma postagem sobre anemia na infância.

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